O Brasil não é um país totalmente desconhecido para os 96 cubanos que estão em Pernambuco para as três semanas de curso do programa Mais Médicos, do governo federal.
Todos os que conversaram com a reportagem se dizem fãs das novelas brasileiras e de artistas como Roberto Carlos, Alexandre Pires, banda Calypso e Michel Teló.
Agora estão ansiosos para conhecer o Carnaval. Uma médica que vai trabalhar em Minas Gerais apressou-se em perguntar se por lá também há festa.
Um grupo que passou anteontem pela praia de Boa Viagem, no Recife, se disse impressionado com os biquínis fio-dental.
As novelas brasileiras em Cuba mobilizam toda a família. "Na hora da novela todo mundo para: homem, mulher, criança. São muito boas", disse a médica Natacha Romero Sanchez, que elegeu "Escrava Isaura" e "Dona Beja" como as suas favoritas.
Guilhermo Santana, 33, já passou por Venezuela, Haiti e Paquistão. Do Brasil, conhece também a música. Abordado sobre o assunto, cantou e fez coreografia de "Ai se eu te pego", de Michel Teló.
Alguns cubanos disseram ter começado a estudar português no início do ano, já pensando em vir para o Brasil. Segundo eles, médicos brasileiros deram palestras em Cuba sobre essa possibilidade.
Eles também demonstraram conhecimento sobre política e economia do país. "A presidenta [Dilma Rousseff], na minha opinião, é muito boa, socorre a sociedade mais necessitada, assim como o [ex-]presidente Lula. O Brasil mudou muito na economia e na educação", disse Natacha Sanchez.
"Acompanhamos as mudanças pela TV e pela imprensa. Nossos jornais dão informações de todos os países do mundo", completou.
SOLIDARIEDADE
Todos os cubanos que conversaram com a reportagem apontaram motivos parecidos para vir para o Brasil.
"Somos solidários. Viemos para cá mostrar que um mundo melhor é possível", disse Roberto Fresneda, 52.
"Vim porque o programa [Mais Médicos] é interessante e porque temos amor à nossa profissão", afirmou Liset Domingues, 38.
Como os outros cubanos que estão no Brasil, Domingues também teve experiências fora de seu país. Passou sete anos na Venezuela e agora está, mais uma vez, longe de sua filha de 12 anos.
"A família ajuda [a cuidar da menina] e o Estado cubano se responsabiliza", disse a médica.
O médico Primitivo Miranda, 47, deixou mulher e três filhos em Cuba e, mesmo assim, ignorou o fato de que irá receber apenas uma parcela do salário pago pelo governo brasileiro. "Saúde é gratuita, educação é gratuita [em Cuba]. Salário não é essencial", afirmou.
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