terça-feira, 9 de outubro de 2012

Blog Mingau de Aço chama Calypso de "Queridinhos da Globo"

Por Alexandre Figueiredo

Me engana que eu gosto. O brega-popularesco e sua forma musical, a Música de Cabresto Brasileira, é o nosso hit-parade, mas tenta vender uma imagem de "novo folclore" ou "cultura de vanguarda" às custas de um lobby intelectual que não mede escrúpulos para defender esta causa das diversas maneiras.

Evidentemente, isso não convence os analistas mais cautelosos, porque a "cultura de massa" tenta vender um rótulo mais "substancial" para que seus ídolos sobrevivam ao desgaste de modismos.

O mais recente apelo é a trilha sonora da novela da Rede Record - que deu um tempo nas suas aventuras "progressistas" para defender a candidatura de Celso Russomano à prefeitura de São Paulo - que, salvo umas poucas exceções, carrega demais na escalação de nomes bregas, neo-bregas e pós-bregas no repertório.

As únicas exceções são o Brothers of Brazil - dos filhos da atual ministra da Cultura Marta Suplicy, os músicos Supla e João Suplicy - , a banda de pop-rock Charlie Brown Jr., a cantora de MPB eclética Rhaíssa Bittar, os também ícones da MPB Mart'nália e Jair Rodrigues e os ícones do pop inofensivo Maurício Mainieri e Papas na Língua. Há uma informação de que Toquinho também teria uma música na trilha sonora, segundo conta o sítio Almanaque da TV.

De resto, só música brega. Nomes dos anos 90 desaparecidos como Adryana Ribeiro - de Adryana e a Rapaziada - e Wilson & Soraia são "ressuscitados" na trilha. Reginaldo Rossi - um dos poucos nomes do brega que assume que faz música cômica - aparece com o martelado sucesso "Garçom".

Há nomes "emergentes" do breganejo e forró-brega, como Banda Brasil Company, Léo e Júnior, Diego Faria, Nildo Reis e Cristiano. Dois nomes como o cantor teen Bernardo Falcone e um Júlio Serrano fazendo rap para as festas do BBB, também foram escalados.

Há também os arroz-de-festa, como Eduardo Costa, breganejo que ainda não conquistou a Rede Globo mas há muito faz sucesso no resto da mídia, fazendo dueto com Alexandre Pires, o ídolo neo-brega queridinho das Organizações Globo, da revista Caras e do Instituto Millenium.

Há também a Banda Calypso, outro nome queridinho da Globo, em dueto com o ídolo brega Amado Batista, no momento trabalhando a imagem de "coitadinho". Há o grupo de forró-brega Caviar com Rapadura, do tenebroso sucesso "Eu Boto ou Não Boto", em que a vocalista cantava, de um jeito tolo e enjoado, "Tô com Medo / Ai, tô com medo".

A trilha é trabalhada pelo produtor e músico Marcelo Cabral e pelo diretor geral da novela, Edson Spinello - que já foi marido dos pitéus Sônia Bridi, repórter da Globo, e Renata Dominguez, atriz - , com o claro objetivo comercial de usar a dramaturgia para promover sucessos radiofônicos, sobretudo através de uma emissora fictícia inserida na trama, a Rádio Ampola FM.

Algumas declarações, colhidas do portal Terra, dão conta da mentalidade hit-parade adotada no Brasil, dentro de uma argumentação politicamente correta que tenta camuflar o comercialismo com diversas alegações mais simplórias, como no caso da "interatividade".

"A rádio vai interagir totalmente com o público e depois devemos gravar um CD com as canções mais pedidas na rádio. Agora estou fazendo as vinhetas de divulgação e a sonoplastia. É como montar uma rádio de verdade!", disse Cabral à repórter do Terra, Mariana Trigo.

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