terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Médicos criticam emagrecimento de Deborah Secco: “É uma desnutrição e está colocando a vida dela em risco”


AgNews/Rede GloboHá algumas semanas a atriz Deborah Secco impressionou ao aparecer 12 kg mais magra para interpretar sua personagem Judith, no longa Boa Sorte, de Carolina Jabor. As fotos foram tiradas enquanto a atriz gravava uma das cenas de biquíni em uma praia da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Disciplinada na profissão e mais do que acostumada a engordar e emagrecer para personagens tanto na TV quando no cinema, desta vez, Deborah, aos 33 anos, precisou secar para dar um tom a mais de realidade e verossimilhança ao viver uma mulher aidética e viciada em drogas.

Com a ajuda de especialistas, a atriz conseguiu eliminar 12 kg em apenas 45 dias. Ela passou por uma dieta restritiva – que se intensificou no final do processo – em três etapas. Além disso, não parou de comer de três em três horas e nem com os exercícios. Mas já que perder massa magra era algo necessário, a atriz deixou de fazer exercícios ao final do processo de emagrecimento.

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No fim do ano passado, a atriz, com 1,64 de altura estava pesando 53 kg. Hoje, com os 12 kg a menos, Deborah está pesando 41 kg. Segundo o cálculo do IMC (índice de massa corpórea), atualmente a atriz está muito abaixo do seu peso normal, sinalizando um índice de 15,24. Quando o normal deveria ser, pelo menos, 18.

IMC x Paixão pela profissão

Baseado nestes números, o R7 entrevistou especialistas para responder a uma única pergunta: quais são os riscos que emagrecer demais em muito pouco tempo traz à saúde de um indivíduo que já é magro?

Segundo Dr. Luiz Vicente Berti, diretor do Centro de Cirurgia da Obesidade e Metabólica e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o emagrecimento muito rápido em quem já é magro, como Deborah, é uma agressão excessiva ao organismo.

Ele afirma que, doenças como Aids e Câncer causam o chamado “catabolismo” no organismo (caso da personagem de Déborah no filme). Que é o processo que quem precisa emagrecer entra: o de fazer com que o seu corpo entenda que precisa perder peso:

— Se eu vou perder peso, eu tenho que entrar em uma situação que se chama catabolismo. Que nada mais é do que fazer com que o organismo entenda que precisa queimar mais energia do que ele precisa. E isso pode ser feito como? Com dietas extremamente severas. Em alguns casos, a pessoa chega a perder 8 % do peso total.

E continua:

— Quando você faz uma dieta extremamente rigorosa você expõe o seu corpo a substâncias que não são normais a ele, causando uma série de alterações hormonais. Pela nossa genética, o homem deveria ser gordinho. No passado, gordura era uma coisa boa, sinônimo de reserva de energia. Hoje a gordura virou uma doença.

Para o especialista, como a atriz já era bem magra, ao perder mais 12 kg e ficar com um IMC abaixo do ideal, a sua vida pode estar em risco. Por “em risco” o especialista entende que são uma série de problemas hormonais, renais, e até uma síndrome metabólica.
Dr. Luiz afirma que não é só o IMC que preocupa, mas sim, a forma como foi feito o emagrecimento: rápido e com muita perda de massa muscular.

— Se ela perdesse 12 kg ao longo de 11 meses o corpo se adapta e mantém a massa corporal entre 18,5, por que você não perde muita massa muscular e sim, gordura. Muitas modelos conseguem fazer isso. São muito magras, mas estão com a taxa do IMC equilibrada. Provavelmente se você pegar tudo o que ela fez ela vai estar com uma perda de peso muito grande (gorduras somadas à massa muscular). Está certo que o personagem que ela tem que viver no cinema exige essa mudança, mas eu acredito que poderia ser feito de outra forma. Com maquiagem, luz, etc. Quando você faz algo violento assim, em que o seu IMC chega a ficar abaixo, é um absurdo. Isso é uma desnutrição severa e está colocando a vida dela em risco.

Desnutrição e estabilização do peso normal

Mesmo com o acompanhamento de médicos, o emagrecimento de Deborah não é algo saudável ou que entre nos padrões de quem quer emagrecer e manter a saúde em dia. A nutricionista Lorença Dalcanale acredita que Deborah terá que ser firme na hora de voltar ao seu peso normal, além de ficar mais atenta com sua saúde:

“Quem emagrece rápido também engorda rápido. Quando ela voltar a comer normal, provavelmente terá um ganho de peso até maior do que ela tinha antes. Isso por que o organismo entra em estado de alerta e quer voltar ao peso anterior de qualquer jeito”, explica.

É por isso que dietas muito restritivas para quem está acima do peso e quer emagrecer, não dão certo. O organismo entende que não está no seu “normal” e volta a engordar até mais do que o esperado quando a pessoa deixa de fazer a dieta. A nutricionista não recomenda, nem para quem está acima do peso, este tipo de emagrecimento:

— Não pode ser adotado. Não é recomendado. Se você adequar a uma dieta completamente restritiva, uma dieta muito pobre em nutrientes, o corpo vai buscar energia na massa muscular, o que faz com que a pessoa fique cada vez mais fraca. Não pode ser adotado como um estilo de vida.

Os padrões de beleza impostos indicam que a magreza é mais bonita do que ser “gordinha” para as mulheres, diferente de como era no passado e como apontou Dr. Luiz: “hoje a gordura é sinônimo de doença”. Não que este seja o caso de Déborah, mas o especialista faz um alerta para quem quer emagrecer:

— Se eu tenho um paciente que, por exemplo, fez a cirurgia do estômago e perdeu 20 kg em três meses, isso é aceitável. Está dentro dos padrões esperados. Até que depois de um tempo, esse emagrecimento estabiliza. O que não pode é agredir o organismo desta forma.

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