quarta-feira, 5 de junho de 2013

A polêmica em torno de Joelma & O desabafo de um blogueiro


Toda essa polêmica envolvendo as declarações da Joelma explicitou algo que faz tempo que tenho percebido: a radicalização das opiniões das pessoas com relação a banda Calypso em geral e a Joelma em particular. Parece que só existem duas posturas, ou a admiração apaixonada ou o ódio insidioso. Daria um ótimo tema para estudos psicológicos que talvez trouxessem à luz aspectos interessantes da psicologia do povo brasileiro.


Vejamos o caso dos fãs. O fanatismo dos fãs da banda Calypso não encontra paralelo com nenhum outro caso na musica brasileira. Eles fazem plantões nos aeroportos para conseguirem uma foto ou até mesmo apenas para ver o casal Joelma e Chimbinha passarem. Fazem caravanas para assistir ao trocentézimo show em cidades muita vezes distantes. Fazem questão de possuírem a discografia original, em formato físico, desprezando a simples posse da discografia em arquivos de mp3. Compram souvenires  da loja virtual da banda, além de manter um ativismo constante nas redes sociais.

Já os detratores... bem, os detratores estão aí aos milhares. Nas redes sociais não faltaram tópicos e declarações do tipo "Joelma, equívoco é você existir", "Espero que esse lixo de banda acabe de uma vez" ou "o sucesso dessa banda é mais uma prova da burrice do povo brasileiro", etc, etc e etc. E olha que tais frases foram escritas por pessoas que se dizem esclarecidas, com alta formação cultural e que se manifestaram por conta do preconceito de Joelma com relação ao homosexualismo. Reclamam do preconceito COM preconceito.

Que fique claro que não se trata aqui de defender Joelma. Ela errou em suas declarações, isso é ponto passivo. A questão aqui é, mais uma vez e sempre, o preconceito que a suposta "classe pensante" brasileira tem contra a música feita e consumida pelo povo. Essa mesma "classe" que expressa seu ódio por Joelma, foi a que comemorou quando Gusttavo Lima anunciou que talvez encerrasse sua carreira. É a mesma que diz que Wesley Safadão não faz forró e que tecnobrega e funk são música de favelados.

São viúvos e viúvas da época das gravadoras, quando os artistas populares financiavam a existência de artistas de vanguarda. Agora as cartas estão na mão de escritórios comerciais e este modelo de uma parcela do cast financiar a outra acabou. Fazem tanto barulho por nada que não tem ouvidos para a nova musica popular que está sendo produzida, não reconhece que ela está avançando sim, em termos de qualidade. Qualificam como lixo e nem se dão ao luxo de escutá-la com atenção. É preciso que alguém de fora a reconheça como boa, como frequentemente ocorre com o funk e o tecnobrega.

Sertanejo, forró, arrocha e outros ritmos ainda não possuem visibilidade no exterior, mas talvez a Copa do Mundo e a Olimpíada revertam essa situação.É apenas uma esperança, não uma certeza, mas uma certeza pelo menos temos, não será da "classe pensante" que virá o reconhecimento de que a musica popular atual é relevante em termos culturais.

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