quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Gang do Eletro diz que nova 'invasão' do Pará 'não pode ser como Calypso'






Gang do Eletro (Foto: Divulgação/Taiana Laiun)
Para Waldo, o atual movimento de bandas paraenses, que chama atenção fora do estado, "pode ser muito maior" e consagrar nomes diversos. Ele já foi requisitado por Marisa Monte e Kassin (produtor de discos de Los Hermanos, Caetano Veloso e outros) para fazer remixes de suas músicas.
A Gang do Eletro, que tem Waldo e os cantores Keila, Maderito e William Love, é um dos nomes do Pará comentados no circuito alternativo de grandes centros do Brasil. Tocaram em agosto, em Brasília, no festival "Invasão Paraense", com outros nomes de Belém. Nesta terça (28), fazem show no Sesc Pompéia, em São Paulo (veja serviço abaixo). Waldo, que participou do disco de Gaby Amarantos, "Treme", agora produz seu álbum com a Gang do Eletro, pelo selo carioca Deck, ainda para 2012.
G1 - O sucesso atual da Gaby Amarantos no Brasil surpreendeu vocês? Fez pensar na própria carreira, na chance de estourar assim também?
Keila – Eu não me surpreendi, já sabia que o sucesso dela estava encaminhando. E o meu sonho também é que a Gang chegue lá. Que venham mais e mais artistas do Pará. Para formar uma tendência, um movimento. Fico impressionada com a criatividade aqui. Lia Sophia, Felipe Cordeiro, muitos outros. Pra mim, isso já estava ditado. Uma hora ia acontecer. O momento é agora, mas vem muito mais pela frente.
DJ Waldo Squash - Vejo a Gang do Eletro em outro mercado, mais eletrônico. A Gabi puxou para o lado brega. Eu sempre fui fanático por música eletrônica. Junto com o Maderito, que é um pouco doido - não é à toa que o chamam de “alucinado”. No disco, a gente está focando mesmo como banda eletrônica, som de pista.

G1 - A Gaby Amarantos já foi chamada de 'Beyoncé do Pará'. Vocês seriam os 'Black Eyed Peas de Belém'?
DJ Waldo Squash – Não gosto de comparar. Temos inspiração mais em artistas locais do que de fora. Mas sempre gostei de electrohouse, do Benny Benassi, aqueles bumbos mais pesados, efeitos “estilo motosserra”. Por isso chamamos nosso som de “eletromelody”. Procuramos uma proposta nova. Não sei se dá certo fora do Brasil. Estou indo para Berlim, em 28 de novembro, em um festival de tecnobrega.

G1 – Como foi seu contato com a Marisa Monte?
DJ Waldo Squash – Surgiu um convite de fazer remixes, pelos produtores dela, de “Ainda bem” e “Hoje eu não saio não”, do último disco da Marisa. Eles mandaram as “capelas” [faixas apenas com a voz]. Mas não cheguei a finalizar. Eles não sabiam que ia rolar outra música na novela [“Depois”]. Então disseram que iam trabalhar essa primeiro. Cancelaram por enquanto, não sei como vai ser. É sinal de que o trabalho está fluindo. Não tínhamos intenção de fazer um trabalho mais profissional. Mas fomos vendo que dava pra ir mais além. A coisa já andou mais do que eu imaginei. Tem um centro de convenções em Belém que é só pra shows grandes, de Roberto Carlos, Marisa Monte, e a gente tocou e encheu.
G1 – Qual era o trabalho de vocês antes da Gang?
DJ Waldo Squash – Eu trabalhava com mecânica industrial. Depois fiquei muito tempo em rádio, produzindo trilhas. Fazia comerciais, spots.
Keila – Eu ajudava meus pais numa sorveteria em Barcarena (PA). Empurrava carrinho de sorvete e picolé na praia de Itupanema.
G1 – E você já cantava e gritava ao público, como vendedores de praia fazem?
Keila – [risos] Não, o carrinho tinha uma buzina. O meu jeito de me portar do palco vem de outra coisa minha: eu dançava pop e hip hop. Quando eu tinha dez anos, via um tio meu dançar. Acabei aprendendo alguma coisa do break.

G1 – Waldo, você acompanha novas vertentes da eletrônica? Dubstep, por exemplo?
DJ Waldo Squash - Agora tenho menos tempo. Tenho ouvido dubstep e buscado uma maneira de acrescentar elementos dele. Mas não vejo vida no dubstep. Você tem que estar muito chapado, "noiado", para bater a cabeça e entender aquela coisa. É pesado, os sintetizadores são muito bons. Estou tentando inserir no som que a gente que faz, mas não exatamente do jeito que é feito. A Gang é mais alegre do que isso.

G1 – Qual a diferença entre tocar numa festa de aparelhagem do Pará e numa de 'descolados' no Rio e São Paulo?
DJ Waldo Squash - A primeira diferença é a rotação das músicas. Em Belém a galera “alopra muito no pit”. Até 200 batidas por minuto. Se eu fizer isso fora, vão achar que eu sou doido. E no Pará a galera participa mais. A audiência no Sudeste mais observa, ouve o som. O "treme" daqui não é só balançar o ombro, é o corpo todo.
G1 - Acham que o que acontece agora com o Pará, o interesse do eixo Rio-SP, é semelhante ao que aconteceu em Recife, com o manguebeat, nos anos 90?
DJ Waldo Squash - Eu acho que pode virar um movimento maior, sim. Mas as pessoas têm que se ajudar. Não é um movimento de um nome só. A Gaby saiu, a gente está saindo aos poucos. Tem o pessoal da Tecno Machine, para quem eu falo: “vão se ajeitando aí”. Tem a Viviane Batidão, a banda Ravelly, o Marlon Branco. Não pode ser como aconteceu com a Calypso. Eles saíram e falaram que eram só eles. Queriam patentear o nome “calypso”. Eu acho que tem que ter mais bandas de tecnobrega, para virar um movimento realmente forte, que pode ser muito maior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário